segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Asian Letters
As cortinas movem-se ao som de uma brisa cínica roçando nas minhas pernas enfraquecidas, através da janela o nevoeiro impede-me de ver as ondas baterem levemente no cais. Mais uma inútil ressaca, um momento estático de uma solidão disfarçada. Em cima da imunda e velha mesa de madeira plantada no centro da sala, uma garrafa vazia faz companhia a um copo de whisky, os meus olhos semicerrados observam-no imóveis entre pensamentos lascivos. Mexo no cabelo num movimento lento e patético de quem perdeu a coragem. Penso nos cigarros que não fumei por tua causa. Caminho sem convicção ate a minha aparelhagem, como eu ela também esta gasta pelo tempo, ponho o disco riscado que me ofereceste e oiço histórias de um passado que nunca esqueci, choro sem qualquer razão. As lágrimas caem lentamente por entre as minhas mãos secas e sujas, não tenho vergonha. Agarro-me a um livro antigo onde no meio de papéis rectangulares com números de pessoas a quem nunca liguei encontro uma carta tua. Queimo-a usando um isqueiro de um qualquer bar que finjo não conhecer. Tiro da carteira a tua pequena fotografia, um pequeno quadrado mostra-me a perfeição, como se a delicada mão que segura o teu queixo me estivesse a arrancar impiedosamente o coração. Deixo-me cair no chão inanimado num estrondo que ecoa na minha cabeça vazia, não quero viver. Insulto a felicidade e critico a sorte, sou um traste.
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1 comentário:
e que tal contares coisas daí puto.....nao sei como falar ctg. ta tudo a correr bem?isso é louco...??
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