terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Sadness
Sento-me lentamente num desgastado banco desafiando o longo balcão. Apoio os cotovelos despidos numa mancha de uma substancia que não consigo identificar e coloco as mãos na cabeça criando a sensação de um nítido desespero interno. O bar está despido de pessoas, apenas a minha sofredora existência e um rapaz pequeno com um ar desleixado, ocupam o vazio do pequeno estabelecimento. Ao tirar as mãos do rosto deparo-me com a imagem de um homem angustiado, mal vestido, um homem perdido. Era a minha imagem reflectida no espelho embaciado por detrás das enumeras garrafas empoeiradas. Oiço uma voz estridente e enérgica perguntar-me gentilmente o que quero beber. Fito o pequeno rapaz durante uma eternidade de tempo enquanto mentalmente encontro uma resposta. “Quero um copo do mais forte que tiveres.” – disse desinteressado. As horas passaram fazendo com que eu perdesse a noção do tempo. á minha frente posicionados estavam vários pequenos copos de vidro vazios, a minha mão direita encontrava-se a tremer fazendo-lhes companhia. Inocentemente conclui que os tinha bebido. Tirei um bloco azul do bolso esquerdo das minhas calcas sujas e rasgadas e dirigi-me para uma das mesas inóspitas colocadas num canto sem luz. Pedi uma caneta ao pequeno rapaz, vejo-o sentar-se a minha frente de semblante preocupado enquanto coloca delicadamente a caneta a curta distância do meu bloco. “O senhor está bem?” – perguntou-me. “Estaria melhor se te levantasses e me trouxesses outro copo.”, ele levantou-se ofendido com a minha honestidade. Comecei a escrever na escuridão como que a esconder as estúpidas frases que estavam a sair da minha mão. Não era vergonha o que sentia de mim próprio, era pena. A tua ausência marcou o final da minha vida, tudo o que sou, fiz ou vivi ficou neste estúpido bloco.
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